domingo, 10 de junho de 2012

The Wrong Man

Uma preciosidade do gênio Hitchcock realizada em 1956, indicação do dramaturgo Paulo Santoro (aficionado por Hitchcock e pelo tema “inocentes condenados”), que tem Henry Fonda como protagonista, vivendo “Manny" o homem honesto, músico, trabalhador pobre e esforçado pai de família que é reconhecido por várias pessoas como um perigoso assaltante e acaba indo a julgamento por diversos crimes que não cometeu.

Baseado na história real do americano descendente de italianos Christopher Emmanuel Balestrero, assistir essa pérola nos tempos atuais é ser transportado para tempos remotíssimos onde a honra importava muito e as pessoas enlouqueciam por conta de acusações de roubo.

O papel de Rose Balestrero esposa de Manny, interpretada por Vera Miles, nos remete a um tempo em que as mulheres eram frágeis companheiras do lar, nele permanecendo em cuidado dos filhos e preparo de alimentos à espera do homem ao final do dia.

Pois bem, num belo dia, o homem de Rose não retorna, pois tinha sido preso no lugar do verdadeiro ladrão. Rose acaba enlouquecendo durante o processo e tem que ficar internada, ainda que os créditos, ao final, nos deem conta de que ela se curou mais tarde.

Saindo do aspecto matrimonial, a averiguação e o inquérito policial, que buscam firmar os indícios de autoria e materialidade dos delitos sobre os quais Manny é acusado, são parte extremamente saborosas do filme e mostram  claramente que, nesse aspecto, as coisas não mudaram nunca de lá pra cá no mundo ocidental, ou seja, a polícia continua absurdamente burra e o sistema incrivelmente igual, ainda que naquele tempo os homens fossem mais gentis uns com os outros e usassem ternos e chapéus.

Com a ajuda de amigos e familiares, Manny (que no começo do filme se dirigiu a um banco para solicitar a liberação de um seguro a fim de obter U$ 300,00 para financiar a extração de 4 oclusos dentes do siso de sua esposa), tem paga sua fiança, arbitrada no valor de U$ 7.500,00 e responde o processo em liberdade.

Com a ajuda de um advogado inexperiente na área criminal, que é o que seu dinheiro pode pagar, Manny chega a enfrentar uma sessão do tribunal do júri, que é anulada diante da demonstrada tendenciosidade de um jurado, contra Manny.

Enquanto aguarda, em liberdade, a marcação de novo julgamento, o verdadeiro criminoso é apanhado e Manny, finalmente, liberado da falsa acusação que pesara sobre seus ombros, afrontando-lhe a dignidade, enlouquecendo sua esposa e causando danos de ordem psíquica que fazem você ficar se perguntando “quem é que vai pagar por isso?”.

Destaque para o que Hitchcock faz com a câmera na cena em que Manny se vê dentro de uma cela, injustamente preso; para exprimir a angústia do momento, o cineasta, aos 46 minutos do filme, em tempos de um plano só, gira várias vezes a câmera ao redor do rosto de Manny, em sentido horário, em ritmo firme e precisamente compassado, acompanhado de uma música angustiante, ao melhor estilo Psicose, e, te garanto, você sente um misto de grande tristeza por Manny e imensa admiração por Hitchcock!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Young Mr. Lincoln (1939)

A MOCIDADE DE LINCOLN (1939) - entre as incontáveis virtudes de Lincoln, o filme, dirigido por John Ford, mostra sua primeira grande atuação como advogado, autodidata que era, ao defender dois irmãos de uma pobre família, de um assassinato que não haviam cometido. P&B -

Para quem, como eu, está encantada com o Lincoln de Spielberg (2012), Young Mr. Lincoln é indispensável, para que se conheça as origens e a forma como se forjou o caráter desse grande humanista.


Além de trazer Henry Fonda como Lincoln, o roteiro é impecável e a história, real, é surpreendente.

Dentre toda a grandiosidade do filme, destaco uma curiosidade, intrigante para nós, brasileiros... Em uma cena onde Lincoln passeia com seu amigo às margens do Mississípi, ele tira do bolso um instrumento pequeno, parecido com uma gaita e o toca, extraindo dele o exato som do nosso berimbau. Na sequência, no comentário de seu amigo, você descobre que o nome daquele pequeno instrumento é, exatamente, berimbau.

O Cliente


O CLIENTE (1994) é o terceiro no pódio. Susan Sarandon vive a corajosa advogada Reggie Love, que aceita como cliente um menino de 11 anos que testemunhou o suicídio de um advogado, confessando-lhe coisas que o colocaram na mira de criminosos. O Promotor Roy Foltrigg (Tommy Lee Jones), também persegue o cliente de Reggie, que, entre as lutas com sua história pessoal faz um trabalho brilhante na defesa do garoto.

Baseado no Best-seller do mesmo autor de "A Firma" e "O Dossiê Pelicano".

Music Box


O segundo nesse pódio, Music Box (Muito mais que um Crime, no Brasil), mostra Jessica Lange no papel de uma brilhante advogada criminalista (Anne) que acaba aceitando defender seu pai (Armin Mueller-Stahl), um imigrante húngaro, de uma acusação de nazismo.

Durante a defesa, Anne começa a duvidar da inocência de seu pai e as testemunhas afirmam ser ele um dos líderes do grupo fascista hungaro "Cruz Celta".

Até o final ficamos na dúvida, junto com ela, acreditando mais na inocência do que na culpa.

O final é surpreendente!

O filme insinua que a CIA teria usado informações dos nazistas contra os comunistas que se espalhavam pela Europa Central.

Direção de Costa Gravas e roteiro impecável de Joe Eszterhas (baseado na história real de John Demjanjuk ).

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Compulsion


COMPULSION (1959), para mim, é o melhor dos melhores filmes de advogados de todos os tempos, pois Orson Welles, na pele do advogado Jonathan Wilk, me inspira e ensina. A atuação do advogado, vivido por Welles na defesa de dois jovens que assassinaram um menino, ainda que o filme seja de 1959, é um discurso contemporâneo pela vida (contra a pena capital) e que coloca o Direito Penal em seu devido papel de "ultima raccio", chamando os pais à responsabilidade pelos filhos, a sociedade, enfim. Orson Welles, que na época fazia trabalhos como ator para ganhar dinheiro e continuar sua carreira de diretor, aparece apenas na segunda parte do filme, mas consegue chamar toda a atenção.

O filme foi inspirado no caso Leopold-Loeb (um crime cometido em 1924 que deu origem ao Festim Diabólico, de Hitchcock, que vai até o desmascaramento e prisão dos criminosos pelo professor deles, interpretado por James Stewart).