Uma
preciosidade do gênio Hitchcock realizada em 1956, indicação do dramaturgo
Paulo Santoro (aficionado por Hitchcock e pelo tema “inocentes condenados”),
que tem Henry Fonda como protagonista, vivendo “Manny" o
homem honesto, músico, trabalhador pobre e esforçado pai de família que é
reconhecido por várias pessoas como um perigoso assaltante e acaba indo a
julgamento por diversos crimes que não cometeu.
Baseado na história real do
americano descendente de italianos Christopher Emmanuel Balestrero, assistir essa
pérola nos tempos atuais é ser transportado para tempos remotíssimos onde a
honra importava muito e as pessoas enlouqueciam por conta de acusações de
roubo.
O papel de Rose Balestrero esposa de Manny, interpretada
por Vera Miles, nos remete a um
tempo em que as mulheres eram frágeis companheiras do lar, nele permanecendo em
cuidado dos filhos e preparo de alimentos à espera do homem ao final do dia.
Pois bem, num belo dia, o homem
de Rose não retorna, pois tinha sido preso no lugar do verdadeiro ladrão. Rose
acaba enlouquecendo durante o processo e tem que ficar internada, ainda que os
créditos, ao final, nos deem conta de que ela se curou mais tarde.
Saindo do aspecto matrimonial,
a averiguação e o inquérito policial, que buscam firmar os indícios de autoria
e materialidade dos delitos sobre os quais Manny é acusado, são parte
extremamente saborosas do filme e mostram
claramente que, nesse aspecto, as coisas não mudaram nunca de lá pra cá
no mundo ocidental, ou seja, a polícia continua absurdamente burra e o sistema
incrivelmente igual, ainda que naquele tempo os homens fossem mais gentis uns
com os outros e usassem ternos e chapéus.
Com a ajuda de amigos e
familiares, Manny (que no começo do filme se dirigiu a um banco para solicitar
a liberação de um seguro a fim de obter U$ 300,00 para financiar a extração de
4 oclusos dentes do siso de sua esposa), tem paga sua fiança, arbitrada no
valor de U$ 7.500,00 e responde o processo em liberdade.
Com a ajuda de um advogado
inexperiente na área criminal, que é o que seu dinheiro pode pagar, Manny chega
a enfrentar uma sessão do tribunal do júri, que é anulada diante da demonstrada
tendenciosidade de um jurado, contra Manny.
Enquanto aguarda, em liberdade,
a marcação de novo julgamento, o verdadeiro criminoso é apanhado e Manny,
finalmente, liberado da falsa acusação que pesara sobre seus ombros,
afrontando-lhe a dignidade, enlouquecendo sua esposa e causando danos de ordem psíquica
que fazem você ficar se perguntando “quem é que vai pagar por isso?”.
Destaque para o que Hitchcock
faz com a câmera na cena em que Manny se vê dentro de uma cela, injustamente
preso; para exprimir a angústia do momento, o cineasta, aos 46 minutos do
filme, em tempos de um plano só, gira várias vezes a câmera ao redor do rosto
de Manny, em sentido horário, em ritmo firme e precisamente compassado,
acompanhado de uma música angustiante, ao melhor estilo Psicose, e, te garanto, você sente um misto de grande tristeza por
Manny e imensa admiração por Hitchcock!
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